Na altura do 160o Aniversário da Criação
do Liceu de Ponta Delgada
a 23 de Fevereiro de 2012


EVOCAÇÃO DO 160º ANIVERSÁRIO
DA CRIAÇÃO DO
LICEU « ANTERO DE QUENTAL»

E o significado do voto de congratulação da
Assembleia Municipal de Ponta Delgada



Uma vez mais por iniciativa da «Associação dos Antigos Alunos do Liceu Antero de Quental», hoje Escola Secundária, em 23 de Fevereiro passado foi assinalado o 160º aniversário da criação oficial daquele estabelecimento de ensino, precisamente, na data em que no já recuado ano de 1852, se iniciaram as aulas e o respectivo Conselho Pedagógico, presidido pelo Padre - Mestre João José de Amaral, Comissário de Estudos de S. Miguel, convidava o corpo docente contratado para assumir a regência das respectivas « «cadeiras» que constituíam os currículos então praticados. Numa emotiva cerimónia realizada, em 1952, então para assinalar o centenário, precisamente no velho Convento da Graça, onde o então Liceu de Ponta Delgada se instalou, o saudoso Reitor, Dr. João H. Anglin fez a leitura dos primeiros alunos que o frequentaram, em número de 100, de entre os quais se contava Teófilo Braga, que foi dos primeiros a concluir o curso geral e depois seguir a carreira universitária e chegar até à Presidência da República, depois de ter passado pela chefia do 1º Governo Provisório.

O ano passado, nesse mesmo dia, foi descerrado do átrio daquele Convento, também por iniciativa da Associação, uma lápide evocativa deste acontecimento, o que permitirá aos vindouros recordar um facto histórico da maior importância, que talvez para alguns passe desapercebido. Regista-se que um outro aluno desse recuado tempo foi Francisco Vaz Pacheco do Canto e Castro, que anos depois exerceu as funções de professor e Reitor do Liceu e foi um dos mais altos expoentes da intelectualidade do seu tempo, que ainda há dias o nosso Município homenageou, dando o seu nome a um dos novos arruamentos desta cidade. Este acto cívico, constituiu mais um momento para se exaltar a memória de quantos saindo daquela Casa de Ensino, se distinguiram na sua terra e no País no desempenho das funções a que foram chamados a ocupar, circunstância que, aliás, o orador convidado para aquela cerimónia, o Professor Doutor Brandão da Luz teve a oportunidade de ressaltar. A propósito – e já que falamos do «nosso» Liceu, outro antigo aluno também homenageado nessa ocasião foi o Professor Doutro Gustavo de Fraga, que anos mais tarde leccionou na Universidade dos Açores e foi presidente do seu Conselho Científico e até vice-Reitor.

Como já é habitual, na Igreja Matriz desta cidade, pelas 12.30 horas, daquele dia 23, celebrou-se uma missa de Acção de Graças, também para evocar a memória de quantos, professores, alunos e funcionários, já faleceram. É sempre com emoção e muita saudade que, no momento dos mortos, são citados os nomes daqueles que faleceram no último ano, (2011/2012). Foi celebrante, por feliz coincidência, um antigo aluno, o Padre Pedro Carreiro, que no final da reflexão que fez a propósito do texto do Evangelho, recordou o «seu» Liceu e os momentos de boa camaradagem que ali pode viver, ao mesmo tempo que louvou a acção educativa e cívica que todos haviam recebido dos professores que por ali passaram, pelos conhecimentos que souberam transmitir, tantas vezes muito para além do que inspiravam os próprios compêndios, Logo depois, seguiu-se um animado e muito concorrido almoço no Hotel «Avenida», que constituiu, como sempre, um momento de agradável e sã confraternização, pois para todos foi possível recordar aquele reencontro de alguns anos no Liceu, que não é habitual, mesmo quando nos cruzamos no dia-a-dia… Como estes almoços funcionam quase sempre como verdadeiras «assembleias gerais», são um momento muito oportuno para se fazer um balanço e uma reflexão acerca da vida da Associação, no ano que findou e que, em boa verdade, poderia ser mais alargada nos seus objectivos se, pelo menos uma das centenas de alunos que passaram pelo Liceu, pela actual Escola Secundária ou mesmo pela Escola do Magistério, quisessem inscrever-se como associados. Como é da praxe, o «secretário da mesa» leu o expediente recebido; e recordou os nomes daqueles que enviaram mensagens, marcando uma reconhecida presença em espírito. Disse ainda da forma como havia decorrido mais aquele ano de vida, sem grandes alterações ao que tem sido seguido, insistindo da necessidade urgente de se substituir os actuais órgãos sociais, que terminaram o seu primeiro e único mandato; e, como estabelecem os estatutos, a Associação está a ser gerida por uma comissão administrativa, constituída pelos actuais membros da Assembleia Geral, até que haja disponibilidade para se encontrar novos elementos, mas que sejam constituídos por gerações mais novas, porquanto os «antiquíssimos» ( para usar uma expressão muito apropriada do sócio João Bosco Mota Amaral) , precisam passar o testemunho. Saudou também os colegas que pela primeira vez assistiam aquele encontro, salientando também a presença dos hoje mais antigos (Luis Amaral. Mariana Silva, Isabel Cogumbreiro e, do mais próximo, o Jorge Amaral); e ainda do Dr. José Manuel Bolieiro, que como antigo aluno, também ali estava na qualidade de vice-presidente da Câmara e, em representação respectiva Presidente, Drª Berta Cabral, também antiga aluna. António Cymbron, que, nesta ocasiões, é o habitual porta – voz dos desejos da Associação e também «mestre-de-cerimónias» usou da palavra para recordar que, para além das limitações a que estávamos sujeitos, alguma coisa havia já sido feita, no desenvolvimento dos objectivos da Associação, especialmente nos almoços mensais que se realizam numa unidade hoteleira de Ponta Delgada; e, no campo da acção social, com a criação duma bolsa que ajuda a uma aluna universitária para prosseguimento dos seus estudos; a atribuição de pequenos outros subsídios para apoiar alunos com dificuldades diversificadas; e ainda a intervenção, com êxito, tida junto da Câmara Municipal de Ponta Delgada para que se pudesse reconstituir o «Prémio Antero Quental», situação que se já verifica há dois. Tomando parte, pela primeira vez, nesta «assembleia», usou depois da palavra o dr. José Bolieiro, para se congratular com o sentido desta comemoração e também recordar o «seu» Liceu, aliás como já sublinhara num artigo que publicara, a propósito deste aniversário, no Jornal «Açoriano Oriental», dando todo o seu apoio ao prosseguimento da Associação, sobretudo para que todos e cada um, pudessem através dos seus meios disponíveis, transmitir, a mais um colega, essa nota de camaradagem e de solidariedade tão importante nos nossos dias. Como sempre, neste dia celebrativo, foi feita uma subscrição entre todos os presentes no sentido de ampliar o valor das quotas mensais que recebemos dos associados, afim de prosseguirmos nas ajudas sociais que tem sido uma das grandes preocupações da, Associação, sobretudo nos nossos dias, o qual rendeu alguns euros e, «como migalhas é pão…», tudo acrescenta.

Ainda é justo referir que a Associação dos Antigos Alunos ficou muito sensibilizada por ter tomado conhecimento, através da Imprensa, que na última Assembleia Municipal, os deputados municipais do Partido Social Democrata, haviam proposto um VOTO DE COMGRATULAÇÃO pela passagem do 160º aniversário do Liceu «Antero de Quental», o qual foi aprovado por, unanimidade, pelas restantes bancadas dos partidos com assento ali. Mesmo tendo em atenção que esse voto se dirige, especialmente, aquele prestigioso estabelecimento de ensino, que tanto tem feito a bem da cultura e do ensino desta terra, não deixa de registar que se não fosse a iniciativa da Associação em lembrar à nossa sociedade este acontecimento, que é sempre de grande significado histórico e cultural, tudo teria ficado no esquecimento… É mais uma prova que deveremos prosseguir na continuidade do projecto de solidariedade e de camaradagem que inspirou ‘«um grupo», há cerca de 10 anos, quando precisamente 50 anos de terminaram o curso liceal ou a escola do magistério. Por isso, de novo, «passamos» a palavra às novas gerações que queiram, de facto, prosseguir esses intentos.


Fotografias por Paulo Monteiro